sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Molecagem: cabe aos pais dar limites

As travessuras ficam mais elaboradas, mas é preciso que a criança entenda as conseqüências do que faz












Antes, elas eram previsíveis, quase engraçadinhas. Um dia você nota que as travessuras do seu filho ficaram mais elaboradas. São até planejadas em reuniões secretas – como quando o Cascão e o Cebolinha bolam mais um "plano infalível" para pegar o coelhinho da Mônica. Isso acontece porque, a partir dos 7, 8 anos, a criança já consegue organizar melhor seus conhecimentos, estabelecer relações e até prever acontecimentos posteriores. Para ela, isso tudo é muito excitante. Mas para suas "vítimas", surpreendidas com brincadeiras como trotes ao telefone ou um chiclete grudado na cadeira, pode não ser exatamente gostoso.

Diversão e arte
Os irmãos Pedro, de 7 anos, e Ângelo, de 8, resolveram usar sua nova capacidade de planejamento. Reuniram alguns CDs e passaram a atirá-los pela janela do quarto para depois acertá-los com bolinhas de gude. Eles só não esperavam que uma das bolinhas fosse quebrar a janela de um vizinho. "A criança sente enorme prazer em descobrir que pode planejar melhor seus atos, mas seu conhecimento ainda não é completo. Ela faz uma previsão sobre a ação, mas não sobre o efeito no outro", explica Neide Al-Cici, diretora do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

E se fosse comigo?
Não vale a pena punir a criança ou reprimir suas brincadeiras. Com essas atitudes, ela só ficará triste e não entenderá que fez algo errado. A dificuldade em enxergar o próximo é esperada e compatível com essa fase. Cabe aos pais orientar o filho sobre as conseqüências de seus atos e incutir nele conceitos de convivência. É o momento de desenvolver no filho o hábito de se colocar no lugar do outro. Dê exemplos mostrando como determinadas travessuras interferem na vida alheia e como a própria criança não gostaria que isso ocorresse com ela – como os meninos se sentiriam se a janela quebrada fosse a do quarto deles, ou se a bolinha atingisse um deles? A criança também deve, quando possível, observar as conseqüências do que fez para aprender os limites que deve respeitar. Lembre-se: fazer travessuras na infância é normal. Se os pais souberem lidar com a situação, a criança não correrá o risco de continuar agindo da mesma forma quando adulta. Porque, aí sim, os atos serão condenáveis.

Lidando com o outro
- Não dê broncas em seu filho na frente dos outros para não humilhá-lo. Converse em particular.
- Se a pessoa envolvida souber lidar bem com crianças, ela pode falar com ele. Isso não desobriga os pais de também conversar com o filho.
- Estimule a criança a se colocar no lugar do outro, adaptando o acontecido ao seu universo. - Faça-a pedir desculpas.
- Evite que a criança sinta culpa. O objetivo é ela entender que o ato foi errado, e não que ela é errada.
- Mostre que existem pontos de vista diferentes.

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